Advogado de Bolsonaro diz que PF coletou provas ilegais

Advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro foi indiciado por associação criminosa e lavagem de dinheiro em julho deste ano

Frederick Wassef, advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse em entrevista ao Poder360 nesta 6ª feira (26.jul.2024) que a PF (Polícia Federal) realizou a apreensão de seus celulares de forma ilegal. Os aparelhos foram usados no inquérito que apura a venda ilegal de joias da Arábia Saudita por pessoas ligadas ao antigo chefe do Executivo.

Indiciado por associação criminosa e lavagem de dinheiro no caso, Wassef defendeu que as informações contidas nos aparelhos deveriam ser consideradas “provas nulas” pela Justiça.

O advogado disse que foi abordado por agentes da PF em agosto de 2023, no Shopping Morumbi, São Paulo. Segundo o advogado, os agentes realizaram a operação de busca em seu carro, onde apreenderam 4 celulares.

No entanto, alegou que a abordagem deveria ter sido feita com a presença de representante da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do conselho estadual, já que, segundo ele, os itens estão em nome do seu escritório de advocacia, o Wassef & Sonnenburg Sociedade de Advogados.

O investigado afirma que a abordagem foi uma “violação” e trata-se de uma “aberração jurídica”.

A lei é clara, a busca e apreensão se estendeu ao meu veículo, que é propriedade do meu escritório de advocacia. Meus 4 telefones são extensão do meu escritório de advocacia. Isso tem a proteção das leis brasileiras”, disse.

Segundo Wassef, a ilegalidade tornaria as provas coletadas nos aparelhos dele inválidas. “É ilegal, são provas nulas”, afirmou.

Assista (49min40s):

WASSEF MANTÉM RELAÇÃO COM EX-PRESIDENTE

Segundo o advogado, a sua relação com a família Bolsonaro continua íntima. Além do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também é cliente do advogado.

A minha relação com o presidente hoje é a mesma que eu tenho com ele desde 2014, onde começamos uma amizade e eu pude advogar por ele. A relação é de regular exercício da advocacia e lealdade. Nada mudou“, declarou.

CASO DAS JOIAS

A PF indiciou em 4 de julho Bolsonaro e 11 pessoas ligadas a ele no inquérito que apura a venda ilegal de joias da Arábia Saudita no exterior.

A corporação concluiu haver indícios dos crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos.

As joias foram dadas como presente por governos estrangeiros para Bolsonaro enquanto estava no Palácio do Planalto. Depois, foram vendidas a joalherias nos Estados Unidos por aliados do ex-presidente, segundo a PF. Leia mais sobre os kits aqui.

O OUTRO LADO

O Poder360 procurou a PF por meio de e-mail, telefone e WhatsApp para perguntar se gostaria de se manifestar a respeito da alegação de Wassef. Foram realizadas 2 ligações telefônicas para a assessoria de imprensa da PF em 26 de julho, às 20h19. Também foram enviadas mensagens de texto e e-mail em 26 de julho, às 20h18 e às 20h25. Não houve resposta até a publicação desta reportagem. O texto será atualizado caso uma manifestação seja enviada a este jornal digital.